just like heaven

Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!

21 setembro 2007

tanta coisa, tanto sentir, tanto querer

some people get by with a little understanding. some people get by with a whole lot more. I don't know why you gotta be so undemanding. one thing I know: I want more. I want more. and I need all the love I can get. and I need all the love that I can't get to.

a única pessoa com quem eu tinha laços de amizade aqui na ilha foi-se embora ontem, deixando um buraco muito maior do que eu gostaria de admitir. porque é muito duro viver num lugar onde a gente não tem pessoa querida nenhuma por perto. família, longe. amigos, longe. amor, longe. aqui, sou eu e eu e a pergunta: 'e agora, josé'? acho que chegou a hora da solidão total, pra que eu possa finalmente me encarar no espelho sem conseguir fugir de quem sou. dói, que eu sei, porque lembro bem da última vez em que isso aconteceu. dói mas faz crescer, então acho que tudo bem, né? a tristeza e a solidão e a dor também servem pra serem aproveitadas. tomara que eu consiga tirar qualquer coisa de bom que exista nisso tudo, o quanto antes. tomara.

e como se contentar com as partes, quando a gente precisa do todo pra ser feliz? eu me dou por inteiro, sempre. pro trabalho, pras gentes queridas, pra vida. e quero também receber isso de volta, do trabalho, das gentes queridas, da vida. e eu sei que o todo costuma chegar, eu sei, eu sei. queria só que não demorasse muito, sabe?

coisas pequenas me fazem muito feliz. mas elas por si só não me bastam. ou melhor: coisas pequenas me bastam, mas só por um tempo. uma caixa de bombons me faz a pessoa mais feliz do mundo por uma semana. mas e depois da semana passar? vão-se os bombons, e se não vier mais nada, vai-se a pessoa mais feliz do mundo, porque preciso de mais. mais bombons, mais carinhos, mais novidades, mais desafios, mais sorrisos, mais vida, mais tudo. i want more.

ontem finalmente entendi algo que aconteceu faz MUITO tempo e que era um mistério total pra mim. era uma vez uma pessoinha que tinha uma coleção secreta de fotos de menininhas. um dia, descobri a coleção e fiquei tão, mas tão machucada! nunca entendi o que foi que me machucou tanto. eu não sou ciumenta, sabe? e nem sou besta a ponto de me incomodar com fotos de outras gartoas. mas doeu e doeu e eu nunca soube explicar. a razão nunca foi capaz de acompanhar a emoção nesta questão, até que ontem caiu a ficha. o que me doeu tão profundamente foi o fato de perceber que eu não bastava. porque quando amo, a pessoa amada me basta por si só. o fato de eu nunca ter sido suficiente me magoou. e fico me perguntando quantas gentes são como eu e conseguem se doar a ponto de ter alguém que lhes baste, já que conheço tão pouca gente assim. é isso que busco, sabe? busco um amor, busco alguém que eu admire e que me admire de volta, busco alguém com reciprocidade de pensamentos e palavras e gestos e carinhos e sorrisos e vontades e sonhos e compartilhamento. mas busco também alguém pra quem eu seja suficiente, alguém que me baste, alguém em quem eu possa confiar e que confie em mim, alguém verdadeiro, alguém com qualidades incríveis e defeitos que não incomodem muito, alguém que me entenda e me perdoe da mesma forma que será entendido e perdoado. alguém que queira repartir tudo, e em especial uma vida cheia de alegrias e felicidade, que é o que quero e o que tenho pra oferecer. alguém que deseje plenitude e totalidade da mesma forma que eu. onde está você, hein, menino? te procuro e ainda não te acho!

e enquanto esse alguém não chega... por que será que vim parar num lugar com tanta impossibilidade de amigos? por que será que vim parar numa sociedade tão culturalmente pobre e tão pequena e tão perturbada e tão diferente de tudo aquilo em que acredito? gotta find this out. e preciso descobrir também uma maneira de preencher esse vazio de gente que tá tão grande dentro de mim. origami, livros, e-mails, telefonemas, seriados, filmes, trabalho. nada disso parece amenizar a solidão. confio na vó theresinha, que diz sempre que 'o que não tem remédio, remediado está'. so be it.

ontem faltou água pela primeira vez desde que cheguei. que aqui tem muito problema de falta de água. incrível a gente ter um mundo inteiro de mar ao nosso redor, e nenhuma água doce pra contrabalancear as coisas. teve susto e teve tensão. e parece que hoje chega água pra enchermos as caixas. tomara. o que você faz quando não tem água num lugar onde o pessoal paga os dois olhos da cara pra se hospedar? então.

e se sentir demais é muito bom, a vida sempre me mostra de que isso também pode ser ruim. sentir alegria demais é uma delícia, mas o outro lado disso é um porre. quero tirar essa dor e esse desespero de dentro de mim. e claro que escrever ajuda. e claro que as pessoas queridas, mesmo estando longe, ajudam. e claro que mil coisas. mas...

percebeu o texto circular? dou voltas e voltas e voltas. chego sempre no mesmo lugar. faz uns quinze dias, já, que venho dando essas voltas todas. preciso sair da espiral e ir em direção ao mar. ele me acolhe, o mar, o mar, o mar. ele é quase como o amar, o mar. é grande e azul e forte e lento e infinito e pleno e rico e vivo e alegre e denso e leve e lindo e tudodebomquehá. tudo aquilo de que eu preciso, o mar. ou não.