o fim do mundo

ontem foi um domingo de quase doze horas de passeio. êba!

tudo começou às 5 da manhã, com o celular tocando 'a sort of homecoming' pra me acordar. preparei tudo pro passeio, fiz a ronda na pousada, chequei e respondi e-mails, conversei com o pessoal, e às 7 saí com o guia rumo ao fim do mundo! aqui na ilha tem um lugar chamado 'morro de são josé', onde além de existir uma ruína do forte são josé (que deu o nome ao morro), existe também uma das paisagens mais incríveis! dando a volta no morro, chega-se a uma piscina natural de um azul inigualável, e a este lugar é que se dá o nome de 'fim do mundo'! só é possível acessar o morro através de uma trilha que aparece quando a maré está realmente baixa (ou seja: na maré baixa da lua cheia). o ideal é pegar uma maré 0.0, que é a maré do dia de lua cheia. domingo, a maré mínima foi de 0.30, o que quer dizer que na nossa trilha tinha de 20 a 40 centímetros de água encima das pedras que compõem o caminho.

mas começando pelo começo... chegamos no air france às 7h10min e a maré ainda não estava tão baixa quanto deveria. comi um sanduíche que eu tinha preparado pro café da manhã, e então fomos até a enseada dos tubarões, que eu ainda não conhecia, 'pra enrolar'. caminhamos, chegamos à praia, e fiquei sabendo que ali é um local que fica lotado de tubarões durante a maré cheia. pensei, 'ops! vim no horário errado, com a maré quase vazia!'. acha? que nada! apesar de não ter visto tubarões, fiquei sabendo histórias muito bacanas, conheci uma casa com paisagem impressionante, e me deliciei com o mar, sempre ele. fizemos um caminho diferente pra voltar pro air france, encontramos nessa andança uma pedra 'furada', lugar que o guia disse que não conhecer ainda. tem duas fotos: a primeira do dia, só pra mostrar a minha incrível cara de sono às 7h30min de um domingo, e a segunda pra mostrar o furo no meio da parede de pedras (logo abaixo de onde estou sentada)!

chegando no air france, fizemos o caminho pelas pedras até o morro são josé. gastamos quase vinte minutos pra andar os cinquenta metros de caminho submerso em água (porque as pedras ficam escorregadias demais). no meio da trilha, vimos um polvo engolindo um caranguejo, embaixo de uma laje. fiquei morta de vontade de ver o polvo mais de perto, mas quem disse que ele saiu de seu esconderijo? que peninha! e olhem só como são as coisas... de tanta vontade de ver um polvo bem de perto, eu mesma achei outro no meio do caminho! apesar de estar super bem camuflado entre as pedras, o bichinho comeu um mini-peixe justo na hora em que eu estava olhando pro lado onde ele estava, e foi pelo movimento que eu o encontrei :-) com muuuuito medo, acreditei quando o guia me disse que o polvo não tem como nos machucar, e depois de tê-lo visto encostar no bichinho várias vezes, me aventurei e encostei também! e é assim que hoje digo que já fui sugada pelos tentáculos de um polvo :-D foi muito legal! a gente encosta o dedo devagar, e o animalzinho vai se esparramando no seu dedo, a fim de 'sentir' você. teve uma hora em que mexi o dedo rápido e o polvo jogou um monte de água encima de mim! parece que essa é a única defesa dele!! tomei um baita susto, mas depois fiquei até com pena! um animal tão bacana cuja maior defesa á um jato d'água? não parece justo! hehe! olhem a foto do meu dedo no polvo! olhem BEM de perto e vejam as ventosas dele ali, branquinhas e redondas!

seguindo caminho... rodeamos o morro e chegamos à piscina linda e incrível que é o fim do mundo. de babar! olhem as fotos, olhem as fotos! não tem NADA de edição de imagens... olhem que cor incrível a da água (compare com a cor do mar, logo atrás, e com a cor do céu). na primeira foto, vejam a piscina, o caminho de pedras que trilhamos, e o nosso ponto de partida, que fica bem lá ao fundo. e olhem que efeito incrível na segunda foto, olhem a água! como pode uma maquininha como a minha fazer uma foto tão diferente assim, sem filtro, sem polarizador, sem tripé, sem nada? foi o sol, o vento, a água? só? achei incrível, incrível, essa fotinha!

voltamos pro air france, onde comi mais um sanduíche preparado pro passeio. que fome que dá isso de entrar na água e passar frio! hahahaha! ah, sim! a piscina do fim do mundo é linda, mas a água estava gelada às nove da manhã, acredite! *rs* o guia passou no posto pra abastecer, e eu tomei dois sorvetes kibon (gulosa!), um de cajá e um de coco. fazia MUITO tempo que eu não tomava sorvete assim! :-D dali, fomos fazer a 'costa azul', que é uma trilha que passa por várias praias. começamos na conceição e tiramos váááárias fotos de pedras e mirantes, de mar e de gentes, de barquinhos e de plantas! algumas delas estão logo aqui, ó: a primeira é da praia da conceição vista de cima de um mirante, a segunda mostra um pontinho preto (eu! eu!) encima de uma encosta, e a terceira tem o mar e o morro dos dois irmãos ao fundo, com mais pedras (mirante) e um pontinho preto (eu, de novo!) à frente.

estava muito sol, e paramos no meio do caminho, embaixo da sombra de algumas pedras, num lugar com vista pra praia do boldró. conversamos, conversamos, conversamos. ADORO esse guia! ele é a pessoa que mais tem me contado coisas aqui da ilha! como tudo funciona, como elas acontecem, como as pessoas pensam, quais são as histórias do povo daqui... adoro isso tudo! este cara, acho que até sem saber, tem me ajudado muito, social e politicamente! o papo estava tão bom que esqueci de fotografar o boldró desse mirante com sombra! tinha gente aprendendo a surfar, tinha menina tomando sol, e tinha menino jogando vôlei. aprendi que aos domingos o boldró é uma praia bem movimentada, considerando-se os padrões da ilha!

voltamos ao buggy, e passamos na lanchonete do projeto tamar. comi um salgado de espinafre (nham!) e um divino milkshake de ovomaltine :-D animada com a comilança, topei mergulhar no mesmo caminho que tínhamos acabado de fazer a pé, entre a conceição e o boldró. esse ponto se chama '20 patacas', e eu só tinha passado lá uma vez. ali fica um dos lugares onde mais tem coisas pra se ver num snorkeling; o passeio é diversão garantida! vi o maior cardume de sardinhas de todos os tempos (cheguei a achar que ele não ia acabar mais!), vi vários peixões e peixinhos, arraias, e tartarugas. de repente, o guia vai bisbilhotar uma fenda de pedra no fundo do mar, e volta me perguntando se eu quero espiar o local, onde ele viu uma sioba (peixe) imensa. eu, toda medrosa, decido que não, né? quando tem lagostas escondidas na superfície das pedras eu até vou espiar, mas morro de medo de entrar debaixo de pedras, dentro de cavernas, ou no meio das pedras, dentro do mar. ha! olhamos de novo na direção da fenda, e passo o maior medo! pense em alguém cujo coração tenta sair pela boca! uma moréia ENORME (muito mais comprida que eu!) decidiu sair da toca, que deve ficar na fenda onde o guia viu a sioba. o guia não percebeu nada, mas deve tê-la incomodado, e ela veio nos 'visitar'. moréia é feia, tem cara de brava, e dizem que ataca sem pestanejar quando se sente ameaçada. ela veio na nossa direção, e nós obviamente nadamos rapidinho pra bem longe dali. ela deve ter desistido de nos atacar, quando saímos de perto da toca dela, mas confesso que passei o maior medão. o MAIOR medão. tanto que, ao invés de continuar o caminho até o americano, decidimos sair do mar ali pertinho, mesmo, e fazer o resto do caminho a pé, continuando a trilha que tínhamos começado mais cedo. ufa!

acabamos o caminho lá pelas 4 da tarde, e fomos tomar açaí na inara e no tutuca. delícia, delícia, delícia! sim, nadar dá fome. *rs* descobri várias coisas batendo papo com os dois (porque eu adoro a inara, e o tutuca já trabalhou aqui comigo). o mais chocante: muitos nordestinos REALMENTE são machistas incorrigíveis. eles acreditam, por exemplo, que o homem sempre tem razão e ponto final. que mulher boa é mulher quieta e de boca fechada. imaginem a minha indignação nessa hora, imaginem! fiquei PROFUNDAMENTE triste em saber que tem tanta gente nos dias de hoje que ainda pode acreditar em coisas assim! isso fala demais sobre a pobreza do nosso povo, eu acho. pobreza cultural, né? enfins, enfins. e sério mesmo que eles não estavam brincando, como pensei ser o caso no começo da conversa. :-(

fomos pro forte, que é onde acho que ficam os melhores lugares pra ver o sol se por. já fui lá muitas vezes, e o guia sempre arruma um cantinho diferente pra gente olhar pro céu. desta vez, tinha alguns tamarindos maduros no pé, que comi. sabe quantos anos fazia que eu não comia tamarindo assim? me deliciei! eu nem estava com fome, depois do açaí, mas tamarindo assim, direto do pé, tem gosto de infância! nas pedras do forte, desta vez ficamos num lugar que é encima do mar, ao lado de uma árvore, e à frente de uns matinhos. veja 3 fotos que, apesar de diferentes, me mostram num mesmo local! (nas duas primeiras, eu estava me protegendo do sol com a canga! na terceira, já estava fazendo sombra.) incrível, olhando pra essas fotos, perceber como tudo na vida pode ser uma simples questão de perspectiva, né?

fez sol o dia todo, mas começou a chover justo durante o por-do-sol! olhe o céu nublado, com um buraquinho entre as nuvens só pra deixar a gente ver o alaranjado solar:

a chuva parou em cinco minutos e eu voltei pra casa, onde tomei aqueeeeele banho! trabalhei um pouquinho só, mais pra poder ir pra cama tranquila do que por qualquer outra coisa. fui dormir cedo, às 22hs, super cansada com as caminhadas e as nadadas! apesar do corpo estar cansado, a mente e a alma estavam renovadas! plagiando o comercial da philips, 'tem coisas que só o mar faz por você'. tou feliz, feliz, feliz! os passeios de final de semana me fazem BEM! o mar recarrega todas as minhas baterias, e eu fico mais confiante de que tudo vai dar certo, de que os problemas serão todos resolvidos, e de que as coisas estão caminhando rumo ao local desejado.