Reflexões com rumo
Este blog é muito importante para mim, porque de bloco de notas pessoal de uma certa mulher na Internet, ele passou a ser o diário único e original de um romance real, escrito publicamente a dois.
Então, movido em parte pela saudade que não pára de apertar, resolvi adicionar um pouco mais ao site. Comecei mexendo respeitosamente no design minimalista criado pela amada, e agora escrevo um texto novo com um escopo mais parecido com as reflexões intimistas que eu admirava tanto ler nos princípios deste site. Afinal de contas, além de eu amar tudo o que ela é para meus sentidos e coração, também me apaixonei pela sua mente...
Quero o registro disso tudo muito bem organizado. Como é o estilo da amada, e também o meu há 2 anos :-) Tenho reorganizado o blog, consolidando nossos textos, matando links velhos, mudando arquivos de lugar... e inevitavelmente leio tudo o que escrevemos de volta. Não só nossos elogios mútuos, mas também muita coisa que a Adri escreveu nos primeiros 2 anos e meio, quando estava só, antes de eu aparecer perante ela como um furacão descontrolado!
Um ano de distância, desejando-se sem poder estar juntos, ansiando por carinho e sossego sem os ter, resistindo e investindo, é bem mais do que prova suficiente de união, certo? Uma colega de trabalho me disse algo muito bacana, hoje mesmo: "Quando ela voltar será eterno... tenho certeza. Até quem está em volta já pressente. Eu acho que quando ela voltar vocês terão passado e cumprido a 'fase de fogo', a fase do 'vai ou racha', e nada mais será tão perigoso perto disso. O resto será só louros e vocês viverão uma época tranqüila, abençoada pelo amor dos dois!"
Concordo que este é um período decisivo para todo o resto da nossa vida, individualmente e também juntos. Mas qual outro período não terá sido decisivo? Kincaid disse que toda nossa existência anterior converge no momento de nosso encontro. Estamos juntos graças a tudo o que nossa vida anterior nos fez ser hoje.
Das coisas que ela escreveu antes, aparecem muitas dúvidas, a maioria felizmente já respondida. Coisas deste tipo: o que eu realmente quero de um relacionamento? onde estarei no futuro? Algumas das respostas estão pré-decididas desde há mais tempo do que ela mesmo lembrava. A vontade de fazer um curso de especialização em Cornell ela já anunciava em março de 2001, mesmo mês em que nos conhecemos. E logo no nosso primeiro mês de namoro, julho de 2003, lembro de termos tido uma conversa sobre isso numa noite escura enquanto ela dirigia o Miaudrimóvel pela Marginal Pinheiros. Eu queria estar sempre a seu lado, mas de uma forma que não atrapalhasse sua felicidade profissional, o que para um namorido-chiclete como eu era contraditório, difícil e intimidador. Depois entendi que as duas coisas não precisam estar em oposição. Elas valem para mim também. Tenho também uma carreira em rápido progresso e na qual devo investir imediatamente. De alguma forma, em que pese o sofrimento do momento, acho que temos conseguido conciliar tudo, como malabaristas mentais e emocionais. A distância não nos fez gostar menos um do outro: pelo contrário!
Nos posts antigos da minha querida também surgem dúvidas importantes do tipo: será que finalmente conseguirei ter uma relação amorosa sem limites e barreiras? quando irei morar junto com alguém que de fato valha a pena? E no entanto, durante o período desde que ela começou a montar sua casa própria até quando nós nos apaixonamos subitamente, ela não enuncia a necessidade de um amor para si. Obviamente pensava nisso, mas não dizia no blog. Talvez não quisesse que o seu amor aparecesse via Internet. Ironicamente, assim foi. Nos conhecemos por causa do blog.
Tendo traçado seus rumos com antecedência, a Drídri mostra não ser tão impulsiva como poderia parecer. Mas também há o lado oposto, demonstrado na velocidade e ímpeto do início do nosso namoro. Assim, ela é ponderada e ao mesmo tempo inquieta. É alguém que vive em busca do próximo desafio e da novidade, que muda preferências e hábitos, mas também alimenta carinhosamente o sonho de uma vida sossegada e simples à beira-mar.
E quer saber uma coisa? EU sou exatamente assim também. Eis aí, para quem acaso se perguntar, um dos ingredientes do nosso sucesso. Nossas contradições abertamente assumidas e carinhosamente cultivadas.
A minha outra reflexão é que a correria insana sempre houve na vida dela, tanto quanto na minha. Não começou agora em Cornell, como parece ser. Correria para ela montar a casa, correria para eu desmontar a minha casa, correria para montarmos uma nova juntos, correria para viajarmos à Europa, correria no meu novo emprego e, menos de um mês depois, novamente em outro emprego, correria dela ao se preparar para o TOEFL e o GMAT e aprimorar o inglês, correria para passarmos alguns dias tranqüilos em Natal, correria dela para se desincumbir do emprego e preparar os papéis para estudar nos EUA, correria nossa para voltarmos juntos para o lar original dela, correria dela para vir e voltar no casamento da irmã...
Coincidentemente, comprei um livro que se chama "Devagar". O original tem o título "In Praise of Slow". Ele representa um movimento cuja proposta é desacelerar aquelas atividades que ficam mais bem feitas e prazerosas se feitas sem correria, respeitando o seu próprio ritmo natural. Uma coisa é correr para nos aperfeiçoarmos em alguma coisa com necessidade urgente, outra diferente é correr para ficarmos doentes e frustrados com um trabalho mal acabado. Tenho pensado muito sobre isso na minha nova ocupação na Futuro. Rápido não é sinônimo de eficaz nem de bom. Outra coisa que o livro aborda, mas não diretamente, é a questão da quantidade. Por que queremos um grande número de uma coisa boa, em lugar de uma versão ainda melhor da mesma coisa? Isso vem de outro livro da Adri, "Gung Ho", que trata da gestão de equipes mas pode ser aplicado a tudo o mais na vida. Em vez de pensar em quantidade, pensar em qualidade. Talvez menos de uma coisa seja melhor se ela é feita com mais arte.
Equipado com esses conhecimentos novos, me dá muita vontade (se bem que isso só rolaria num universo paralelo) de voltar atrás, nos momentos de angústia existencial da Drídri amada, e confortá-la. Tudo vai terminar bem, querida. Você será tão feliz quanto merece. Você finalmente achará um homem que a amará até o fim dos tempos e infinitamente, e que crescerá junto com você e permitirá que você desenvolva suas qualidades, harmonizando as necessidades e limitações dele com as suas. E, sim, você será espetacularmente bem-sucedida como destaque da classe numa prestigiadíssima universidade, no melhor curso do planeta em sua área. E ouso polir a bola de cristal e prever mais um pouco: que depois de uma fase difícil de preparação, você e seu amor terão o direito à vida boa na praia e também as planejadas viagens empolgantes pelo mundo, e ao mesmo tempo, sem conflito, uma carreira vibrante e frutífera. Além, é claro, de felicidade com sua família.
Muito disso já se cumpriu... por que não o resto, como conseqüência natural? Eu acho que podemos. Acho, não: temos inabalável certeza.
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