Aos peregrinos
Hoje é feriado no Brasil e estou fechando uma revista com uma tranquilidade fora do normal, tendo adiado a folga para sexta.
A Adri está enlouquecendo de tanto trabalho em Cornell e só pode falar comigo dentro de uma "janela" de uma hora à noite. Depois do chat no Skype, liguei direto para o celular só para desejar boa noite. Melhor momento do meu dia.
Na minha ficha no orkut coloquei uma citação do livro As Pontes de Madison de Robert J. Waller. O filme baseado nele é o favorito da Adri, e quando eu o vi junto com ela, tive de fechar um pouco minhas "portas" devido ao conteúdo pungente e direto. É devastador se você não estiver com as emoções numa certa configuração. Eu aguentei a tristeza da história porque me sentia como um afortunado Kincaid, cujo final com a Francesca é aquilo que ele realmente desejava.
A citação é a seguinte:
"Your work sounds interesting," Francesca said.
"It is. I like it a lot. I like making pictures."
"You make pictures, not take them?"
"Yes. At least that's how I think of it. That's the difference between Sunday snapshooters and someone who does it for a living. When I'm finished with that bridge we saw today, it won't look quite like you expect. I'll have it made into something of my own, by lens choice, or camera angle, or general composition, and most likely by some combination of all those. I don't just take things as given, I try to make them into something that reflects my personal consciousness, my spirit. I try to find the poetry in the image."
Tempos depois, a Adri comprou o livro e o leu sozinha, exatamente durante uma detestável noite em que fiquei preso no trabalho e voltei para casa de madrugada. Pois encontrei-a transtornada pelas emoções violentas que o texto inspirou.
Esta segunda-feira foi minha vez. Como o livro é curto, li de uma só vez também. Mergulhei nele como a Adri mergulhou. Sensações intensificadas pela nossa atual separação temporária e as impressões frescas do nosso maravilhoso fim de semana juntos.
Tantas coisas verdadeiras naquela história... Extraí algumas citações preciosas de Kincaid com as quais me identifiquei:
I remember everything. How you smelled, how you tasted like the summer. The feel of your skin against mine, and the sound of your whispers as I loved you.
It's clear to me now that I have been moving toward you and you toward me for a long time. Though neither of us was aware of the other before we met, there was a kind of mindless certainty humming blithely along beneath our ignorance that ensured we could come together. Like two solitary birds flying the great prairies by celestial reckoning, all of these years we have been moving toward one another.
I'm not sure you're inside of me, or that I'm inside of you, or that I own you. At least I don't want to own you. I think we're both inside of another being we have created called 'us'. Well, we're really not inside of that being. We are that being. We have both lost ourselves and created something else, something that exists only as an interlacing of the two of us.
I have one thing to say, one thing only; I'll never say it another time, to anyone, and I ask you to remember it: In a universe of ambiguity, this kind of certainty comes only once, and never again, no matter how many lifetimes you live.
But I am, after all, a man. And all the philosophic rationalizations I can conjure up do not keep me from wanting you, every day, every moment, the merciless wail of time, of time I can never spend with wou, deep within my head. I love you, profoundly and completely. And I always will.
Amém.
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