just like heaven

Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!

29 setembro 2003

Vôti véi!

1300 quilômetros de estrada depois, eis-nos de volta de Araçatuba. Quase tudo o que a minha Pequena disse que faríamos, acabamos fazendo. Outras coisas, não.
Sim, comemos doces na Abelhinha e tomamos sucos no Morita. Sim, vimos os velhos amigos dela. Não, não passamos um calor infernal. Não estreamos a piscina do prédio dos vós... Mas estou contando a história embaralhada. Vamos organizar a bagunça mental.
Primeiro: sim, deu tempo de concluir as tarefas e me aprontar bem, contando com o auxílio precioso da minha querida, que levou pra mim as coisas que deixei/esqueci na casa dela. :-)
Quinta, 6:45 da manhã, eu já estava pronto e na rua. Com a expectativa da viagem, acordei antes do despertador. Saí para comprar um pãozinho, e ao botar o pé fora da padaria, o Drimóvel já estava lá, esperando. Tinham passado dois dias inteiros sem nos vermos, saudades horríveis, mas infelizmente não houve tempo pra ficarmos parados namorando ali; toca o pé na estrada antes que as saídas de Sampa fiquem completamente entupidas.
Seguem-se dúzias de pedágios, estradas com o asfalto em excelente condição e poucos carros, e centenas de quilômetros de paisagens suavemente onduladas com vacas, plantações de cana e alarmantemente pouquíssimas árvores para fazer uma sombra que seja. A má impressão que tenho ao ver tantos pastos vazios é de que o interior do Estado de São Paulo foi convertido num deserto abrasador, mal disfarçado por uma camada fininha de capim.
A Adri, lindinha em sua calça colante "especial para viagens" e de altíssimo astral, acabou não "cantando seis horas"; passamos a maior parte do tempo conversando, rindo, comendo bobagenzinhas, trocando palavras de amor... Massageei seu pescoço enquanto dirigia, para aliviar a tensão acumulada. Usei boa parte do tempo restante para desenhar uma tentativa de árvore genealógica da família da minha querida, com nomes e idades das pessoas, a fim de não ficar boiando ao ser apresentado a elas...
Em Botucatu, erramos a direção e entramos direto na cidade. Fizemos um belo "turismo" até acharmos a saída. Na volta, constatei a razão do engano: passamos reto no trevo de entrada da Marechal Rondon. Meu mapa Quatro Rodas, que consultava regularmente na ida para decorar a sequência de cidades, não mostra o cruzamento das estradas corretamente. Blame them.
Araçatuba é lindinha e arrumadinha. As árvores nas calçadas são podadas em formas geométricas. As ruas preferenciais nos cruzamentos são sempre as que têm valetas atravessando, contrariando a lógica. Os semáforos - ops, sinaleiras - são do lado esquerdo nas ruas de mão única. Alguns têm timer, como em Floripa. A maioria dos táxis são motos. O comércio é discreto, e os maiores edifícios (fora a Santa Casa) são prédios residenciais de alto padrão. Só no centro as ruas têm placas, e na periferia muitas casas nem têm número. Presume-se talvez que as pessoas locais saibam de cor esses detalhes de menor importância... Por outro lado, são de uma simplicidade encantadora as placas de direção - CEMITÉRIO - ESTÁDIO - uma coisa só de cada, sem complicação.
Ah, sim, importante: fora os japoneses, todo mundo tem sobrenome italiano.
Além dos famosos docinhos, a Abelhinha tem ar condicionado e salgados ótimos, incluindo um bolinho de frango "cabeludo", isto é, com a superfície ornamentada com o que parecia ser macarrão bem fininho. Mas não comi ele desta vez; preferi a bolinha de queijo.
A megapadaria Casa Europa causa vergonha em muitos estabelecimentos de luxo da capital - e faz boas pizzas! E, conforme anunciado pela Pequenina, o modesto estabelecimento do simpático sr. Morita, na Praça Rui Barbosa, produz sucos fenomenais - tomamos o de ameixa com leite e o de coco batido.
Divagação: em cada nova cidade ou parada na viagem, costumo degustar uma coxinha. Depois, crio uma espécie de relatório mental para referência futura. Por exemplo: a coxinha do megaposto RodoServ Star, perto de Botucatu, é ótima de recheio, um pouco massuda, mas a pimenta que servem junto é fraquinha, "batizada" com extrato de tomate. (Qual é a melhor coxinha que já comi na vida? A da lanchonete Dois Corações, em Curitiba.) Fim da divagação...
Vovó e vovô são megasimpáticos, muito fofos, e adoram uma boa conversa, mesmo que seja com um forasteiro esquisito a tiracolo da sua neta mais espevitadinha :-) Vovó oferecia alguma comidinha o tempo todo... Para me agradar, ela serviu no mega-almoço da sexta-feira banana frita, simplesmente porque eu tinha mencionado que a minha mãe fazia! Assim como o arroz doce e a carne-de-panela, outras receitas que me fizeram lembrar minha mãe...
Ajudei a quebrar o gelo com os anfitriões fazendo retratos a lápis da Adri. Tentei um da vovó, mas não ficou 100 por cento, do que posso me defender culpando a "luz ruim"... Depois, fiz fotos de quase todo mundo com a minha Canon EOS de filme (a digital está pifada), que em breve colocaremos aqui.
O novo apartamento da vovó e do vovô é megachique! (Quando escrevo essas coisas, sinto o quanto meu texto tem sofrido influência da Adri. ;-) No lado de fora, uma sacada em forma de L. No lado de dentro, a sala dividida engenhosamente em duas alas, e o corredor da entrada com uma vidraça ajardinada. O elevador é panorâmico... E há um detalhe inteligente: a piscina do condomínio não é visível dos apartamentos, evitando que os banhistas sejam alvo da bisbilhotice dos moradores acima.
Deu tempo de a Adri visitar a tia Aninha em sua casa reformada, e ainda fui apresentado às filhas e filho: Fernanda, Mariana e Fabão. Na sexta à noite, depois de uma preventiva "siesta" para evitar sonolência na estrada no dia seguinte, a Adri conseguiu reunir Lu, César e Fredinho na casa do Pê e da Fran para vermos e presentearmos a pequenina Bia - de quem fiz retratos em megaclose com a Canon. Depois comemos várias pizzas, falamos muita bobagem e finalmente fizemos um retrato histórico de toda a turma (em que eu também apareço).
Sábado de manhã, a despeito dos protestos de praticamente todo mundo que vimos por lá, partimos de volta para a nossa intimidade em Sampa. A minha querida vai ter de visitar o ortodontista a cada três meses, portanto voltaremos à cidade em janeiro - no auge do calor abrasador que se anunciou mas não chegou a fazer nesta entrada de primavera, com forte ventania e céu carregado.
Espero não ter dado nenhuma gafe notável; afinal, as pessoas a quem fui apresentado são importantes para a minha amada. Mas a Adri garante que tudo bem... Abraços e agradecimentos a todos os mencionados; foram belíssimos os dois dias, e repetiremos a dose...