just like heaven

Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!

08 setembro 2003

e hoje, apesar de não ter foto inusitada do marinho, tem outra coisa... a primeira parte do 'como nos (re)descobrimos', escrita por mim. o marinho já tinha escrito a versão dele, que linkei em algum dos muitos posts abaixo, e me motivou a escrever como foi que eu vi/senti tudo o que aconteceu tão rápido entre nós. acabei dividindo meu texto quilométrico em partes, que senão ninguém ia conseguir ler (a não ser o marinho e eu, devoradores de textos sobre nós mesmos :-), e por isso segue só um pedacinho, pra quem tiver coragem ficar com 'gostinho de quero mais' na boca :-)

igual mas diferente – uma outra versão do nosso (re)encontro

prólogo
fiquei sabendo, no comecinho de junho, que o mario av e a julinha tinham se separado. chocada, foi assim que fiquei. eu os conhecia há mais de dois anos, e embora tivesse visto neles algumas características muito peculiares de um relacionamento meu que não tinha dado certo, eu os achava um ‘casal amorzinho’ que não iria se separar nunca. por partes, tento me explicar...

primeiro, nessa coisa das características peculiares de relacionamento falido, que reparei desde a primeira vez em que conversei pessoalmente com o mario, em que caminhamos da casa dele até a da minha mamis enquanto conversávamos, basicamente, sobre o relacionamento tão belo dos dois. eles, assim: casal jovem, ele onze anos mais velho que ela, ela super indecisa sobre seu próprio futuro escolar/profissional; ele o geek em pessoa, ela a meiguice em pessoa; ele super apaixonado e amando cada pedacinho dela, ela idem idem idem. achei parecido demais com o gu e eu, na dinâmica da relação, e não nas características pessoais de cada um dos envolvidos, faça-se notar. uma relação onde sobrava amor mas faltava um caminho em comum. obviamente não comentei nada com ninguém sobre isso (exceto com o meu par na época, talvez), mas tive essa impressão.

finda esta primeira parte, vamos àquela em que eu falo do ‘casal amorzinho’! desde que conheci a julinha, sei que ela é a pessoa mais meiga da face da terra. se você a conhece, certamente sabe do que estou falando. ela parece aquele tipo de pessoa com quem é impossível brigar, ficar bravo, se chatear, se magoar, eteceteras e tal. e eu achava que isso moldava grande parte da relação dela com o mario. achei que os dois se davam bem demais. de uma maneira muito peculiar, muito deles, muito diferente do que qualquer outra que eu pudesse imaginar, mas assim mesmo muito bem. eles tinham uma certa simbiose. e talvez por isso, achei que talvez eles conseguissem fazer o que o gu e eu não tínhamos conseguido: ficar juntos apesar dos pesares, fazendo com que o amor fosse sempre o maior de tudo, ultrapassando a tendência do amor se tornar muito mais fraternal do que qualquer outra coisa, e fazendo com que, mesmo através de caminhos diferentes, eles conseguissem andar lado a lado. além disso, como eu já tinha passado por um relacionamento que eu considerava ‘parecido’ em teor, achei que nenhum dos dois teria a imensa coragem necessária pra romper o que eles tinham de bom.

e então eu fiquei chocada com a notícia. um amigo em comum avisou outro, que me avisou. marcamos um jantar com o pessoal do lugaralgum pra tentar dar uma força pro mario, que o abav achou que seria bacana. o abav, pra variar, que pessoa fantástica! ele sempre vê o melhor que cada pessoa tem em si, sempre ajuda, sempre dá, sempre sorri, sempre se interessa. só que o mario devia mesmo estar muito mal, e não foi a esse jantar. esperei que ele comentasse do ocorrido no blog, pra então decidir que ia escrever um e-mail pra ele. eu queria dar um ombro amigo, muita força, algum tipo de esperança. queria repartir minha história com o gu, achando que se ele pelo menos visse isso, poderia se animar e ver que sim, um dia tudo voltaria a ficar azul e cor-de-rosa. ele certamente se apaixonaria de novo, viveria outros grandes amores, e seria muito imensamente feliz, mesmo que pudesse parecer absurdo tudo isso no momento da dor extrema que eu achei que ele estivesse passando.

ocupada, não achei tempo nem oportunidade pra escrever esse e-mail que queria ter escrito na época. quando tive tempo, achei que não tinha nada a ver escrever daquilo tudo. engraçado, uma semana antes de ter recebido a notícia da separação do casal amigo, eu tinha feito uma lista dos melhores amigos, tendo colocado o mario nela. sendo que a gente não se conversava ‘decentemente’ desde 2001, sabe? apenas pelo fato de achar que a gente tinha grandes coisas em comum, e por ter me sentido tão próxima dele na época em que comecei a blogar. pelo fato de eu achar que ele e a julinha são pessoa sensacionais que sempre terei como amigos pro resto da vida. e na hora de escrever o e-mail dando força pro amigo, percebi que fazia tanto tempo que a gente não se falava que talvez a gente não fosse assim tão amigo, e que talvez nem fosse tão legal assim escrever algo. tá, eu tive um medinho também. o mario nunca foi uma pessoa muito sensível (percepção minha), e eu achei que ele poderia reagir de um jeito estranho ao que quer que fosse que eu pudesse escrever. sabe, mario av rima com namastê, e uma vez eu o cumprimentei assim, eu que adoro rimas infames: namastê, mario av! ele me perguntou o que queria dizer namastê, e eu disse que gentes diferentes acreditam em significados diferentes, mas que, pra mim, namastê quer dizer: meu eu superior/divino saúda o seu eu superior/divino. ele me olhou, riu sarcasticamente, e disse que isso tudo era balela, história pra boi dormir, e namastê queria apenas dizer ‘oi’ e pronto. ele foi tão categórico e nada delicado na colocação que eu fiquei até meio sem-graça. e depois disso, apesar de responder perguntas e expressar opiniões, sempre fiquei com um pé atrás, esperando outras reações exacerbadas dele. e esse foi então mais um motivo pra eu não escrever nada.

até que, no finalzinho do mês (isso foi no último dia de junho), ele me escreveu um e-mail, falando que sentia muito isso da gente ter perdido o contato e dizendo que queria que a gente se encontrasse pra bater um papo. fiquei contente e, finalmente, escrevi o e-mail que tinha querido escrever antes. escrevi e escrevi e escrevi pacas. desse jeito que só eu sei de contar tudo e encompridar os assuntos, emendando um no outro. falei do gu e de mim, dele e da julinha. falei que entendia o tamanho do amor, o tamanho da dor, o tamanho da incredulidade e do desespero. disse que todas as coisas ruins, todos os sentimentos causadores de pânico e de tristezas, tudo iria passar. eu disse que tinha certeza de que a vida dele ia ser um dia muito melhor do que já fora. e que minha certeza vinha de ter vivido algo semelhante. eu disse que ia achar legal a gente se encontrar, e sugeri o final de semana, que pra mim é mais tranqüilo e perturba menos a rotina. mas esqueci de mencionar isso da tranqüilidade e da rotina, e recebi uma resposta do mario falando várias coisas legais sobre o meu e-mail, como já tinha acontecido em 2001, quando trocamos montes de mensagens imensas e velozes. ele parecia um pouco perplexo com o que eu tinha falado do relacionamento gu+dri (acertadamente, tínhamos, sim, muito em comum com mario+julinha!) e queria conversar mais. fomos nos escrevendo, e quando percebemos acabamos marcando de nos encontrarmos muito antes do final de semana chegar, na primeira quarta-feira de julho (o primeiro e-mail ele tinha mandado na segunda, olha a velocidade das mensagens trocadas!).

pausa pra contar que, na terça, liguei prum amigo em comum comentando que ‘você nem imagina quem reapareceu assim, do nada, tendo me escrito um e-mail!’, ao que ele respondeu que tinha sido o mario, ao que eu perguntei: ‘como você sabe?’. o fato é que o mario e ele tinham se encontrado na segunda à noite, me deixando surpresa e curiosa ao mesmo tempo. esse amigo me contou sobre o que eles tinham conversado (essencialmente sobre o zen, um pouquinho sobre a julinha e sobre como o mario estava então), e disse que achava mesmo que o mario fosse me procurar, uma vez que ele estava ‘restabelecendo contato’ com gentes que ele não falava há tempos e tal. perguntei sobre o mario, e nosso amigo disse que ele estava muito carente, que parecia meio desesperado pra encontrar logo alguém que substituísse a julinha, mas que tirando isso ele não estava tão mal assim. percepções do amigo, colocadas tais quais eu ouvi. comentei que provavelmente também me encontraria com ele algum dia no final de semana, e que depois ligava pra dar mais notícias. disse que isso de procurar alguém pra ocupar o lugar deixado por alguém querido que se foi é normal, que ele provavelmente faria algumas besteiras agora, mas depois se acalmaria mais. fiquei com mais vontade de conversar com o mario sobre todas essas coisas, eu que nunca pude trocar idéias sobre finais de relacionamentos longos e bacanas, queria saber de semelhanças e diferenças, queria mostrar que iria ficar tudo bem. passei tão mau bocado quando me separei do gu, e tinha vontade de mostrar pro mario que ele não precisava passar por isso, já que coisas muito melhores esperavam por vir de encontro a ele.

[continua... sendo que o próximo 'episódio' o marinho garante que é muito mais interessante!]