Às vezes acordo feliz e completa e inteira e brilhante e grata. E fico aflita, por simplesmente não saber o que fazer com tanta gratidão. Quem é responsável por todas as coisas boas das quais desfruto? Como / a quem / ao que agradecer? Pelo sol quente que nunca para de brilhar e está sempre ali, por sorrisos que a gente recebe na rua, por uma família tremendamente maravilhosa, pela brisa fresca num dia de muito calor, por ser capaz de amar e ser amada, pela existência da água de coco, por revermos velhos amigos, pela beleza contida nas flores e nos filmes e nas estrelas, pela sensação de plenitude que o mar traz, por carinhos e afagos, por estarmos vivos e sentindo toda esta paz e toda esta liberdade. Dá vontade de gritar meus obrigados infindáveis ao vazio, somente pra que tudo e todos saibam o quanto eu sou grata por viver e me sentir tão bem assim. E pra que eu possa expressar minha gratidão infinita por tudo e todos. Esses momentos de felicidade avassaladora são incríveis. De repente, me sinto uma pessoa melhor, e sou capaz de amar e perdoar tudo, de achar tudo ótimo e maravilhoso. Me sinto parte de tudo, e sinto que tudo está e cabe em mim. Mas nunca consigo agradecer... ou, pelo menos, nunca tenho a sensação de o fazer suficientemente, e isso me deixa aflita, sim. Não no momento, em que tudo o que eu sinto é uma coisa boa que não dá pra medir nem descrever, mas depois, quando o mundo volta a ser o que era antes: esse lugar vazio, onde o tempo voa e a gente faz tanta coisa que não nos faz felizes. Esse lugar onde nem tudo é paz, onde gentes morrem de fome, onde pessoas brigam e matam e ferem e fogem. Até que, depois de algum tempo, acordo com aquela sensação de novo, fazendo cócegas primeiro, e depois tomando conta de tudo. E sorrio, e agradeço como posso, embora nunca seja o suficiente.
just like heaven
Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!
<< Página inicial