just like heaven

Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!

28 fevereiro 2009

música do new order

leave me alone. mas quem é que quer isso, especialmente se diz isso? eu, pelo menos, quero estar só quando menos posso estar só, sendo este um dos motivos pra estar efetivamente só. não entendeu? nem era pra. tem que sentir e respirar e viver, que daí não precisa nem entender; basta ser. vou comer uma bruschetta hoje. nham nham. as comidas e as pessoas queridas e as pequenas coisas coloridas são as minhas maiores felicidades. mas não sempre. e certamente não agora. porque as comidas e as pessoas queridas e as pequenas coloridas podem se tornar meus maiores tormentos, sabe? especialmente quando elas chegam todas juntas num momento em que eu PRECISO estar só (sem comidas, sem pessoas queridas, sem as pequenas coisas coloridas). e as coisas não vão embora, saco. e eu não posso mandar as coisas embora, você entende? por mais que eu queira e precise. enfins. ninguém entende. então respira. inspira. expira. tuuuudo vai passar. eu garanto. respira. inspira. expira. até uva passa. inspira. respira. expira. agora.

tanta coisa pra dizer, mas quem é que pode ouvir? nem as pessoas que existem apenas dentro da minha cabeça querem ouvir. aí eu redescubro alguém que não conheço, a beth. (obrigada, beth, por me abrir os olhos, e por me ENCHER de forças e coragens.) e lendo o que ela escreve, me vêm vontades de vomitar as minhas coisas todas. como pode ter alguém tão igual nos sentimentos e nas dúvidas e nas alegrias e nos quereres e nos problemas e nas discussões mentais consigo mesma? alguém tão igual e tão diferente, mas alguém que me desperta pras coisas que tão aqui dentro de mim sem conseguir sair há tempos. porque eu deixei de escrever por aqui, e eu preciso deste diálogo escrito comigo mesma. a pessoa que escreve não é a mesma que lê, mesmo sendo eu sempre. se não coloco no papel, não processo igual. a não ser que eu possa FALAR com alguém. mas só eu sei das coisas todas que eu não posso falar com alguém. só eu sei das coisas que venho escondendo, muitas vezes de mim mesma, há tempos. coisas que angola fizeram comigo, e agora vem noronha, pra repetir, porque é igual, tudo, mesmo sendo tudo diferente, mesmo eu sendo dezoito anos mais velha, mesmo o lugar sendo muito mais lindo, o essencial é igual. a falta de gente é igual, as dúvidas e as dores são iguais. tudo igual, mas aumentado, afinal de contas, dezoito anos não se passaram à toa, e hoje eu posso suportar mais e (espero) aprender tanto quanto, sofrendo ainda não sei se mais ou se menos. acho que menos, mas pagando um preço maior. porque hoje eu estou mais consciente das escolhas, e isso é foda. ou não. ciclos, tudo são ciclos. e eu não consigo me livrar dos ciclos sem que eu aprenda TUDO o que eu preciso aprender com eles. as coisas acontecem com um motivo, certo? eu tenho essa teoria de que a gente revive as situações até aprender tudo o que tem que aprender com elas. e assim eu me livro de muitas coisas, porque eu sou do tipo de gente que ADORA aprender coisas novas quaisquer que sejam. mas tem aquelas coisas pras quais sou completamente burra e limitada e cega. e quem disse que eu sei de tudo o que eu preciso aprender com este ciclo em especial? ainda não descobri o que preciso aprender com este exato tipo de dor que vem do se sentir totalmente só. sei como reajo a isto, e sei que desta vez fiz exatamente tudo igual, do jeito que não deveria ser, mesmo sabendo que não deveria ser assim. o jeito que acho que deveria ser dói mais do que posso suportar. os amores e a falta de amores, sempre no plural. as pessoas e as faltas de pessoas, sempre no plural. as negações e os fechamentos e as faltas de atitude, sempre no plural. as mentiras, as metiras pra mim mesma, que na verdade são insuportáveis vergonhas na forma de grandes omissões classificadas como mentiras só pra ver se eu vejo o tamanho e o horror das vergonhas/omissões e consigo PARAR com isso. mas eu não consigo parar com isso. e talvez seja isso que eu tenha que aprender. preciso aprender a parar com isso ou a aceitar isso, simplesmente, e não sei qual das duas opções é melhor. whatever.

em suma, é isso o que quero, aqui, apenas: poder voltar a escrever livremente. deixar a verborragia fluir sem medos e sem pensar em todas as pessoas que não deveriam ter acesso a isto aqui. saber que nem por isso eu preciso disfarçar. ninguém deveria precisar disfarçar sobre si mesmo. e ninguém deveria poder sentir que tem seus espaços todos invadidos. e essa é a minha escolha, agora: que se dane tudo. eu não vou mais disfarçar nem me abandonar. porque é isso o que acontece quando eu não escrevo: eu páro de realmente pensar sobre as coisas todas. eu ponho tudo on hold e consigo fugir de tudo, especialmente das coisas importantes às quais eu deveria prestar atenção. é preferível eu me repetir do que eu parar de pensar. é preferível morrer devagar a ficar eternamente fugindo.

e como é que vc fala pra alguém que esse alguém precisa ter um mínimo de simancol, sem que a pessoa se ofenda terrivelmente? eu só sei ser sincera demais. e pra não machucar, não digo pra pessoa em questão que ela PRECISA ter um pouquinho de simancol. porque eu amo a pessoa em questão, como amo todas as minhas pessoas mais queridas. e eu não quero machucar essa pessoa querida, e eu não quero estragar a queridice da pessoa. mas a pessoa me MATA com a falta total de simancol. e aí eu vou deixando, deixando, até explodir. só que desta vez não vou explodir, porque não vai dar tempo. talvez na próxima falta de simancol. talvez. puxa... deu vontade de pedir que TODO MUNDO me avise pelamordedadá das minhas faltas de noções. eu tenho a impressão de que esse tipo de coisa não me machuca, sabe? as críticas que dóem são bem outras, daquelas que não machucam ninguém, e por isso todo mundo fala. hahaha. as coisas que deveriam doer, em mim não fazem sequer cócegas. as outras coisas, em compensação...

daí vêm as dúvidas todas: por que, por que, por que? todos os porquês do mundo me invadem. por que o azul do mar consegue ser tão mais bonito que o azul do céu, que já é o melhor azul que tem? por que o mar é o meu maior amar? por que uma pessoa não-linda-mas-também-não-feia consegue se sentir horrorosa o tempo todo? por que as gentes são tão simples e escolhem complicar tudo - absolutamente tudo? por que às vezes tenho todas as vontades do mundo? por que a felicidade pode ser tão grande e completa, pra depois ficar tão miudinha e escondida? por que a lica e a luca parecem apenas parte de uma outra vida? por que busco tanto? por que me importo tanto? por que quero tanto? por que tudo parece sempre faraway, so close, como o wim wenders? por que a alice tem o melhor sorriso do universo? por que sinto tanta falta de pitu, se ele nunca sai de cima da minha cama? por que permito me viciar tão imensamente em chocolate? por que música me faz tão bem? por que me boicoto, tantas vezes, over and over again? por que me permito ficar tão cansada? por que tenho tantos medos? por que não consigo organizar certas coisas, eu que sou A miss organização? por que brotam tantas águas nos olhos, tantas vezes? por que o melhor colo do mundo nunca é o meu, e é sempre o do outro, e nunca está por perto, a não ser numa outra dmensão? por que eu me encasulo a ponto de nada me atingir, nem o bom nem o ruim? por que eu não aprendo o que preciso aprender, pra poder sair deste AQUI que não é um lugar nem um tempo, mas apenas o meu eu deste exato momento? por que? por que? por que? daí vem a sinéad dizendo que 'i do not want what i haven't got', com a voz tão linda, como deveria ser. e eu pensando que preciso aprender isso de verdade, ainda, porque essa é a minha realidade de tão poucas vezes. porque hoje (e quase sempre) o bob é que tem razão quando diz, com a voz não tão linda, que 'i'm always wanting more, anything i haven't got, everything, i want it all, i just can't stop'.

chega por hoje, né? então tá. vou ali continuar remoendo os incômodos todos. os machucados que incluem a mandíbula quebrada e a marca de biquíni, que na verdade são apenas disfarces de uma mesma única verdade tão maior e mais dolorida. as dores que abarcam o azul do mar, que na verdade é apenas a representação do que existe mas não está ao alcance hoje, e da minha inaptidão para lidar com isso. as vontades que abraçam o colo infinito, que apenas fala do meu eterno dilema, que também é infinito como nada pode ser.