just like heaven

Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!

02 maio 2006

Sibéria

Foi o terceiro feriado em menos de um mês, mas foi o primeiro em que deu para descansar alguma coisa, isto é, dormir sem limites impostos por relógios. Depois de um encontro inspirador com o Dalai Lama e outro com os músicos do Echo no mesmo dia, completei uns cinco textos que há muitos dias estavam esperando para sair no outro blog, coloquei os acentos no último texto da Adri e escrevi este novo. Mesmo assim, no final do feriado prolongado a insônia atacou mais uma vez. Outra semana miserável com as revistas. Antepenúltima antes das minhas férias. Sobreviverei.

Eu disse à Adri que não viria escrever no JLH se fosse para escrever coisas tristes, e isso por vezes explicou meu crescente silêncio. Nada a ver com abandono do blog. Pensei que a proximidade do retorno dela daria um ânimo extra, mas é evidente que não posso ignorar uma insatisfação e um vazio cansado, constantes após um ano vivendo sozinho. O que eu faço em casa não me sacia, meu trabalho inconcebivelmente menos, minhas metas de mudanças ambiciosas para antes do retorno da Adri não estão chegando e a ansiedade me faz engordar sem controle e a despeito da volta do exercício na bike.

Não tenho vontade de ler o que escrevi durante o último ano no JLH, de comparar o agora com o antes, acho as comparações amargas. Tenho umas fotos em que a Adri está feliz junto comigo durante o spring break, mas não as coloquei aqui porque ela se achou feia. Eu não concordo e é bobagem minha não ter publicado as fotos por causa disso. Na opinião minha e de muitas outras pessoas menos suspeitas, a Adri é uma das criaturas mais adoráveis deste mundo e é uma pena eu não conseguir convencê-la melhor disso. Mas também ela diz coisas bonitas de mim que não consigo sentir totalmente. Sou exigente demais em relação a mim mesmo. Somos dois iguais nisso.

Isto é só um momento e a vida é mais comprida e mais complexa. E eu sei que, como nas três vezes anteriores, assim que a Adri estiver entre meus braços, os problemas do mundo voltarão ao real tamanho que eles têm, que é perfeitamente administrável. Todo artista deve ter sua musa. Adri para mim traz muito mais do que carinho e alegria; é um eixo, um espelho, uma visão, um porto, uma firmeza, uma revelação, uma rima, uma provocação, uma luz, uma lembrança, uma maciez, uma flor, uma continuidade, uma rapidez, um som, um ponto de equilíbrio, um calor, uma delicadeza e um motivo.