Diário de viagem
Berna

Berna é uma cidade pequena, muito antiga e de ritmo suave. Calçadas largas, cheias de árvores totalmente sem folhas, pois agora é final de inverno. A Drídri, quando esteve aqui no verão, viu cada uma dessas árvores refulgentemente verde e cada sacada de cada apartamento coberta de flores coloridas. Agora está tudo uniformemente bege, porque quase todas as edificações são por regra pintadas nessa cor.
O cuidado com a ordem e limpeza é impressionante; mesmo edifícios com séculos de idade parecem recém-construídos, ou no mínimo recém-reformados. Nem sequer um papel de bala no chão. Numa esquina havia um poste com um dispensador de saquinhos para cocô de cachorro. Em outro lugar, uma máquina de vender camisinhas. Muitas motos, bicicletas e carros pequenos, a maioria igual aos que circulam por São Paulo. Trams (bondes articulados) silenciosos, novos, lindos, todos em vermelho.
Fiquei besta com a quantidade de sinais, letreiros, cartazes de aviso multilíngues e pictogramas informativos. Essa comunicação visual urbana é intensa, em cada muro, parede, poste, no asfalto, tudo - mas sempre de forma discreta e elegante, sem tapar a paisagem.
Para completar, se você faz menção de atravessar a rua, seja aonde for, os carros param para você passar! Tinha vontade de agradecer a todos os motoristas, mas para eles isso não é nada de mais.

No centro antigo de Berna, a rua de comércio central muda de nome a cada quarteirão. Nela, edifícios pelo menos bicentenários, porém em perfeito estado como tudo o mais, estendem-se sobre a calçada, formando galerias paralelas à rua, cheias de boutiques, restaurantes, vitrines de propaganda bem-humoradas e a ocasional entrada para uma lojinha subterrânea.
Vimos nas luxuosas vitrines alguns dos artigos de decoração e presentes mais lindos que se poderia imaginar. Mas tudo muitíssimo caro para nossos padrões. Fomos comprar uma mochila para mim e o balconista quase se recusou a cobrar em euro, a moeda que tínhamos na mão, porque "o câmbio era desfavorável" em relação ao franco suíço. Se você pegar um preço de mercadoria em euros, o número é muito próximo ao do valor da mesma coisa em reais no Brasil. Mas quando você faz a conversão, toma um susto. Para dar uma idéia: 1 euro =  CHF (franco suíço) 1,56, e 1 euro = R$ 3,60. Abacaxis centro-americanos eram vendidos na rua por CHF 7,90 cada - cerca de R$ 18! Mas uma barra de chocolate com avelãs de 400 gramas saiu por CHF 4,80, isto é, 11 reais.

Fiz as duas fotos turísticas obrigatórias de Berna: a da torre do relógio, no meio da rua comercial central, construída há uns 250 anos, e a da Bärengraben, o "tanque dos ursos", onde são mantidos em cativeiro três dos bichos que deram o nome ao lugar.

Sobre a ponte do rio Aare, o lugar mais cartão-postal-fofo-conto-de-fadas de toda a cidade, eu e a Mininamãiósa trocamos um beijo quente sob o vento gelado.