just like heaven

Tudo parece ousado àquele que a nada se atreve, por isso... atreva-se!

30 abril 2002

A vida da família inteira pára quando ele chega. Colocamos nosso tempo 100% à disposição daquele que é o homem mais importante para nós, a quem vemos tão pouco, e com o qual temos um convívio quase nulo. Todos deixamos de viver rotinas para podermos estar mais perto dele. Desmarcamos tudo, faltamos às coisas que não conseguimos desmarcar, e parecemos meros groupies ao redor de seu astro-mor. Meu pai veio dodói, desta vez. Nos deixou a todos assustados, e foi paparicado até dizer chega. Durante a cirurgia emergencial, que aconteceu no sábado à noite, parecia que o tempo havia simplesmente parado. Que angústia, isso de saber que há alguém tão querido em situação tão perigosa. Mas não estamos todos nesse mesmo barco, sempre? Estamos, mas acho que não o percebemos. E saber que era ele quem estava ali me deixava numa posição cada vez mais desconfortável. Pai, jamais vá embora sem nos deixar um tchau. Sem nos conhecer e deixar que te conheçamos. Um dos meus maiores medos é esse: não chegar a saber quem ele é. Minha maior frustração é a mesma: não saber quem ele é. Não ter idéia de quem/como/quando ele é. Do que ele gosta, o que ele deseja, o que teme, como vive, o que sente, como pensa, em que sonha. Pouca coisa neste mundo teria maior valor pra mim que as respostas a estas perguntas, e, enquanto não as encontro, tento me distrair com o resto, pensando em outras coisas, outras pessoas, outras vidas.