Desde que a Lilica e a Luísa se mudaram lá pra casa, algumas coisas mudaram bastante... Por exemplo, a porta que divide o andar de cima do de baixo está SEMPRE fechada, pra que as gatas não desçam as escadas. As pias dos banheiros estão sempre sujas, porque as gatas ADORAM lamber a torneira, e acabam deixando marcas de patinhas por todo o banheiro (porque pisam no molhado da pia). Há brinquedos os mais variados espalhados por todo o chão do andar, de bolinha de pingue-pongue a tubinhos de papelão. Não há toalhas, sabonetes ou papel higiênico à vista (tem-se que abrir os armários do banheiro pra encontrar qualquer coisa que seja). A cama está sempre vazia, sem travesseiros ou almofadas, porque as gatas estavam adorando arranhar a capa das almofadas, e pra que elas não encham os travesseiros com pêlos demais (elas adoram deitar no fofinho!). O telefone do andar de cima foi desconectado, porque as duas bonecas sempre acharam que o fio telefônico fosse um brinquedo super legal, colocado ali só pra elas arranharem e morderem. Todas as plantas da casa passaram a ficar no andar de baixo, longe das boquinhas felinas que adoram mastigar verdes. A janela do banheiro do escritório, única em que não deu pra colocar tela de proteção, nunca mais foi aberta, pra que as gatas não se sentissem tentadas a pular do décimo segundo andar atrás de um passarinho que estava passando ali por perto. Todas as outras janelas da casa foram ‘teladas’, pra diversão das duas moçoilas, que volta e meia escalam as telas, chegando até o teto do terraço, por exemplo. Passaram a fazer parte da decoração do apê duas caixinhas de transporte cor de vinho, que não combinam com nada e nem ficam bem em lugar algum, mas que precisam ficar à vista, pelo menos por enquanto. Outras peças integrantes da mobília são os potinhos de água e ração, permanentemente cheios, e a bandeja de areia sanitária, atualmente em um canto do quarto, sendo semanalmente movida de lugar, rumo ao banheiro – onde ficará para sempre (espero!). E não só a casa sofreu mudanças consideráveis! Esta que vos escreve permanentemente toma alguns cuidados sempre, como não deixar as portas dos armários entreabertas, não deixar fios à vista, não esquecer roupas fora de lugar, não deixar toalhas penduradas no banheiro, eteceteras. E precisa sempre cumprir uma rotina de limpar e manter cheios os comedouros/bebedouros/caixinhas de areia. Sem falar na preocupação que é ter que pensar em como fazer pra que as gatas possam finalmente ocupar também o andar de baixo da casa sem maiores problemas (como ensinar que fios não existem para serem mastigados? como afastá-las das irresistíveis cortinas? como dizer que o tubo de gás que chega ao fogão não é brinquedo? como impedir que as pequenas fiquem pulando e arranhando a parte de trás da geladeira? o que fazer com as plantas? como impedir que elas derrubem tudo o que existe nas prateleiras da área de serviço?). Gatos são animais curiosos, que adoram fuçar em tudo. No caso das minhas gatinhas crianças, elas gostam não só de fuçar, mas de cheirar, arranhar, mastigar e levar pra lugares diferentes tudo o que elas consideram ‘brinquedos’, que, na verdade, são TODAS as coisas que nossos olhos conseguem ver. Enfim: são bichinhos capazes de mudar completamente a sua vida e a sua rotina. Em troca, recebem-se ronronados, carinhos, lambidas, companhia, miados, brincadeiras, fotos com as poses mais divertidas imagináveis, pés sempre quentinhos à noite (as duas fofas dormem sobre os meus pés, mas só quando percebem que eles estão gelados, olha que meigo!), e shows de acrobacias vários. É divertido e gostoso, ou pelo menos eu acho que sim. Se pudesse, acho que teria mais gatos em casa, olha que loucura! Apesar de todos os cuidados e preocupações, estou adorando – é como ter crianças, só que sem ter tanto trabalho, nem tanta responsabilidade. Além disso, gatos não ficam chatos, nem precisam ser educados, ou precisam de companhia o tempo inteiro. Minhas duas meninas são perfeitas pra mim, que ainda estou descobrindo como ser perfeita pra elas em troca :-)