O show
Maravilhoso. Ainda sem palavras pra expressar como foi tudo, isso é o que me ocorre. Foi simplesmente fantástico, sensacional, fenomenal, o melhor show da minha vida, sem perspectivas por outros assim. Apesar do Cure ser minha banda mais preferida de todos os tempos, nem eles fariam um show tão legal (a não ser que o Bob estivesse apaixonadíssimo e tocasse todas as minhas músicas preferidas e mais 'pra cima', o que seria altamente improvável). O Rush tocou quase todas as canções que eu gostaria que eles tivessem tocado, o Lee e o Lifeson estavam altamente empolgados e brincavam um com o outro o tempo inteiro no palco, se divertindo quase tanto quanto os milhares de fãs presentes no Morumbi. Eu, ali tão pertinho deles, consegui ver TUDO, e delirei o show inteiro, numa espécie de transe hipnótico que me fez pular, cantar e gritar o show inteirinho, de ponta a ponta. Aliás, ainda bem que teve um intervalo no meio de todo aquele frenesi, porque senão não sei quando teria reposto as energias :-) Obviamente eu não tenho cara de fã de rock, e quem me conhece sabe muito bem do que tou falando. O fato é que muitos marmanjos que estavam ao meu redor não deixaram de olhar, cada vez mais surpresos durante o show, praquela menina baixinha que não somente não parava de pular, mas também sabia cantar todas as músicas :-P Acabei conhecendo um pessoal de Curitiba e de Rio Preto, que me fez companhia durante as três horas em que esperamos pelo início do show. Depois disso, foi uma alegria atrás da outra, a cada vez que uma música melhor que a anterior começava a ser dedilhada pelo Lee e pelo Lifeson, ou batucada pelo Peart. Teve Limelight, as duas primeiras partes de 2112, The Pass, The Trees, Free Will, New World Man, Dreamline, Working Man, Driven, Resist, Closer To The Heart, Roll The Bones, Bravado, Red Sector A, By-Tor And The Snow Dog, obviamente que não nessa ordem. Músicas lindas e espetaculares que eles continuavam tocando, e que me deixavam cada vez ainda mais emocionada e extasiada. Pra mim, ficaram faltando Cold Fire e Middletown Dreams, mas todas as demais músicas estavam lá, cantadas pelo Lee bem na minha frente. Que lindo ver os meninos se divertindo e sorrindo lá em cima, gostando de ver a platéia delirar e cantar todas as músicas com eles. Que emoção! Parei pra pensar em como é estar no palco e viver disso: de ter milhares de adoradores do seu trabalho que não somente o prestigiam, mas sabem reconhecê-lo e recompô-lo com você. Que emoção! Eu sei que o show já passou, e que já foi há alguns dias, mas parece que foi ontem, porque o meu ânimo parece que só faz crescer. Sabe aquela sensação que a gente tem quando está apaixonado por alguém e nada mais importa? Eu tou assim, só que o objeto apaixonante é o show em si, e não uma pessoa em especial. Tou ainda maravilhada com as emoções que as músicas ao vivo foram despertando durante a noite de sexta-feira. A sensação de ver a minha vida passada se descortinando, sendo relembrada ao som de músicas lindas, foi indescritível. O fato de estar rodeada de gente tão eufórica quanto eu, que cantava e chorava e ria e pulava junto, foi indescritível. Ver três pessoas fazendo um som tão monstruoso e perfeito, ali na minha frente, foi indescritível. Eu não imaginava os três patetas tão bem humorados, tão brincalhões, tão sorridentes, e tão jovens. O Lee não parava de se mexer, de pular, de vibrar, como se tivesse metade da idade que ele realmente tem. Eu adorei tudo aquilo. Os instrumentos reluzentes, a platéia cantando Closer To The Heart à luz de milhares de chamas tiradas de isqueiros, o solo interminável do Peart (cuja bateria girava sem que ele parasse de tocar), os violões do Lee e do Lifeson tocando Resist... Haja coração pra tanta emoção! A única coisa que me chateia é o fato (muito frustrante) de jamais ter conseguido ver um show maravilhoso ao lado de alguém especial, com uma única exceção. Os shows a que assisti com amigos e amados foram sempre mais ou menos, enquanto os shows fenomenais acabei assitindo sozinha ou com amigos de parentes do vizinho, sabe como é? A única vez em que consegui conciliar as duas coisas foi no começo (ou final?) de 91, quando o Ira! tocou em Araçatuba, e eu pude vê-los muito de perto (o palco era bem baixinho, e eu literalmente beijei o joelho do Scandurra algumas vezes - que coisa!), ao lado do Gu. Até hoje o Ira! é minha banda nacional favorita, embora eu quase nunca ouça suas músicas, nem tenha acompanhado muito os discos novos. Se a emoção de um show é grande, ela fica multiplicada por quinhentos mil quando estamos bem acompanhados, eu acho. Viver uma emoção enorme com cúmplices é exponencialmente muito mais maravilhoso. Compartilhar coisas boas faz com que elas se tornem muito muito muito mais especiais. Quando o Rush voltar (porque eu sei que eles vêm, nem que demorem mais vinte e oito anos pra isso), decidi que vou bem acompanhada pro show. Vou reunir os amigos fãs, e vamos todos juntos. Até lá, restam os CDs, que não saem mais do som de casa nem do som do carro. Que felicidade :-D
<< Página inicial