O que me fascina em ‘O Senhor dos Anéis’.
É a segunda vez que leio esta trilogia. Maravilhosa, intrigante, nos transporta até um mundo de fantasia, onde nos vemos entre elfos, anões, pequenos hobbits, ents, magos, cavaleiros negros, homens, lobos, orcs. Um tempo de espadas, roupas e anéis mágicos, onde florestas inteiras se locomovem, o bem luta contra o mal de maneira às vezes torpe, personagens ressurgem de abismos, e o impossível parece possível. Uma história que nos remete à infância, nos libera a imaginação. Parece lúdica, infantil, e ao mesmo tempo tem mil e um conceitos expostos sobre a vida humana adulta… como eles podem se esconder tão bem em meio a esta fábula grandiosa? Da primeira vez em que devorei as páginas escritas por Tolkien não consegui acabar o livro três, pois viajei e as férias foram maravilhosas e turbulentas a ponto de eu conseguir ficar sem ler do modo frenético como costumo fazer (li o primeiro livro em 2 dias!)… desta vez, num ritmo bem mais lento (estou lendo mais dois livros ao mesmo tempo… e tb preciso trabalhar, estudar, comer, me exercitar mental, física e espiritualmente, preciso escrever, montar planilhas, preparar e executar treinamentos, completar meu banco de dados musical, gravar CDs interessantes, ir ao banco, preparar surpresas para pessoas queridas, fazer compras no supermercado…enfim…), venho desfrutando mais o livro, saboreando-o de uma forma diferente. Parece que já conhecendo a história pela metade, esta toma uma nova dimensão, será possível? Isso tem me fascinando no livro. Porque, apesar de ter o costume de reler livros dos quais gostei muito (como fiz com ‘Ilusões’ e ‘A Ponte Para o Sempre’ do Richard Bach, com a série do tempo das cavernas da Jean M. Auel, e com um livro especial do M. Scott Peck, para citar exemplos), eles geralmente não trazem tantas facetas novas a serem descobertas… Apesar de ‘Ilusões’ me surpreender a cada vez que o releio, os demais livros… já sei do que eles tratam, e não tenho grandes surpresas, embora eles sejam bons de ser relidos. Mas com a que pode ser considerada a obra prima de Tolkien é diferente… no meio da história meus pêlos se arrepiam, meu coração bate mais forte, e me dá um frio na barriga… me sinto uma criança que descobre o que há por trás da porta que sempre estivera fechada até então… me vejo percebendo a sutileza por trás das palavras escolhidas, vendo novos significados para as mesmas situações com que me deparei há 3 anos e meio… e me sinto tão enfeitiçada quanto me senti então, tão envolvida na história quanto antes, agora mais entorpecida por descobrir meu mundo ali, no meio daquilo tudo. Só sinto que não haja uma quantidade maior de personagens femininas no enredo… os personagens principais são todos do sexo masculino, sr. Tolkien! A sociedade em que o senhor vivia era real e completamente dominada por homens, sabemos disso, mas… com tanta visão sobre a natureza humana, o senhor poderia ter tido mais esta, não? Porque, no fim das contas, considero a mais pura verdade aquele ditado que prega que atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher… e estas não aparecem na trilogia (exceção seja feita no que se refere a Celeborn, que não seria o mesmo sem Galadriel, minha única heroína em meio a tantos homens). E, para encerrar esta ‘ode’ ao maravilhoso texto que conta as aventuras de Frodo e o Um Anel, preciso dizer apenas mais uma coisa: leiam o livro. Mais uma vez, se for o caso. E sintam. Percebam as nuances e as entrelinhas. Como o mundo criado se assemelha ao nosso… que visão de mundo tinha o mestre JRRT, que visão de futuro, que visão da psique humana! E que delícia poder se perder em seu mundo fantástico, nestes dias de caos total em que vivemos! Fico até com pena de quem está filmando estes livros… porque vai ser impossível passar tudo o que está escondido ali para a telona, diante da qual não costumamos passar mais de 3 horas seguidas por vez… Mesmo assim é lógico que vou ver a megaprodução… como poderia deixar de ir?
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